Postagens

Mostrando postagens de março, 2018

Sobre os poemas

Poema e poesia Os poemas não saem do forno todas as manhãs como os pães Os poemas nao são como os operários Que tem a obrigação de cumprir uma Determinada jornada de trabalho Os poemas são  como os artesãos Que controlam o próprio ritmo de produção Os poemas nascem para além da intenção dos poetas Bons poemas nao podem ser encomendados Não são produtos pré-fabricados Eles surgem geralmente ao acaso Poemas são livres como pássaros A matéria prima da poesia é a vida O poeta só a traduz para a escrita O poema é a vida em versos traduzida A poesia acontece na flor do momento No instante de um beijo Na passagem do vento Na palavra desinteressada Ou no olhar apaixonado Da namorada. Lótus

Teoria da Relatividade

Teoria da Relatividade Caramujei tardes inteiras,   Perdido no labirinto das vilas, Quase virei ovo estralado, No Sol quente das filas. Já aguardei uma eternidade,  Para finalmente ser atendido, A teoria da relatividade,   Na propria pele tenho aprendido. Uma eternidade Pode caber Numa tarde. Só depende do tamanho da fila! Lótus

Deguste um poema

Se tiver que escolher apenas uma coisa, Não coma pizza, Deguste um poema, Não vá ao shopping, Nem vá ao cinema, Ao invés de batata frita, Deguste um poema. Se pode, porém, escolher a vontade, É melhor pedir uma pizza, E também batata frita, Após pegar um cinema, No shopping acompanhado, Enquanto desgusta um poema, Em um beijo apaixonado. Lótus

A vida

A vida A vida é uma paisagem mui bela, É um verde pampas gaúcho,  Que se vê de uma janela, Chamada perspectiva, Eu sou um homem - caramujo, Que me arrasto por ela com outros em comitiva, Seguimos  carregando nossos fardos nas costas,  E marcando a grama da vida, Com nossas trilhas de gosmas. Lótus

Amor

AMOR Acontece sem controle, Invade a gente, Sem permissão, Entra sem bater, No nosso coração! Sem ética ou lei, A plebeia ama o rei, Amor proibido, Que ludibria a alma, Que nos enche de ideia maluca, Que estressa e acalma, Amor que machuca. Como machuca... Feito espada afiada, Rasga a pele, Nos fere, Como o espinho perfura A carne... A carne do desejo, A carne que quis seu beijo, A carne que quis seu toque, Ai carne como sofre... Amor que nos deixa a beira da loucura, Amor que tortura, Amor que nos deixa sofrendo, E como a feridas abertas por um chicote, Permanece por muito tempo ardendo. Lótus
O velhinho tão simpático Vai sorrindo lá na praça Trazendo numa sacola  Seu dominó e o baralho  Agora que ele aposentou Sua carteira de trabalho Ele não dá pão para os pombos Como os velhinhos dos filmes Não sobra tempo nem pão Ele até gosta dos pombos Nesta vida o velhinho Já levou foi muitos tombos Trabalhou em muitos empregos Todos braçais Mas sua vida, a maior parte Passou nos canaviais Boia fria foi no interior de São Paulo Trabalhou mais que um cavalo Pensava no dia em que ia  poder jogar em paz Seu dominó e seu baralho Mas ele não pode... Na praça ele tem um novo trabalho cuidar dos carros estacionados Para complementar a  mixaria que recebem no Brasil os aposentados. Lótus

O Tempo

O Tempo O tempo nos adora fazer pirraça Quando mais pressa temos Mais devagar ele passa! O tempo se alimenta  do nosso estresse Quanto mais nos preocupamos Mais a gente envelhece! Nem o tempo sabe  quanto tempo o tempo tem Eu só sei Que quero  aproveitar meu tempo Muito, muito bem! Lótus

Nomes

Nomes Tem nomes repetidos para todos os lados, Cada qual com seus próprios significados, Mas José, João e Maria   Estes existem de punhados, Tem tanto nome bonito neste mundo, E o grande poeta Drummond, Fez rima logo com Raimundo! Sobre os nomes Bíblicos,   nem preciso falar, Melhores são para os filhos batizar, Tenho dois primos assim: Um é Lucas e outro o Mateus, E eis a velha dúvida que atormenta todos os pais: Como é que vais chamar os filhos teus? Tem gente que se inspira em dupla sertaneja, Tem gente louca que coloca nos filhos, Até nome de marca de cerveja, Atualmente a moda é dar nome de jogador de futebol, Para se ter ideia, Antes mesmo que eu um novo verso comece, Já nasceu no Brasil mais um novo “Messi”. Tem tantos nomes, que deve ser impossível contar, Quer saber, e eu com isto? Nem me preocupo mais, Pois o nome meu filho será Ministro, Que se preocupem os outros pais! Lótus

Selvagens europeus

Selvagens europeus Apresento – vos, Com sua longa barba, Sua firmeza, Sua Alteza, Diretamente da Bélgica, Leopoldo II, Rei do Congo, E um dos maiores opressores do mundo! Mãos decepadas, Acorrentadas, Defumadas, Almas dilaceradas, Famílias inteiras assassinadas, Elefantes mortos, E A África estuprada, Apresto-vos, Com sua longa barba, O “legado” da sociedade civilizada, E a “bela” obra de Leopoldo II n’Àfrica! Lótus

Manifesto contra a coxinhalização

Manifesto contra a coxinhalização Querem me   emburrecer, Renuncio ao SBT, Desculpa Silvio não é nada pessoal, Chega também de BBB, Estou enfadado do chato do Bial, E de tudo o que passa nesta droga de TV, Porque é tudo igual. Todos vocês querem me transformar em coxinha, Me fritar para vender em qualquer esquina, Impor sua opinião sobre a minha! Mas eu não, não, não,   Não vou enlouquecer! Se quiserem mandem me prender, Quero me libertar, Acorrentem-me ao sofá, Se pretendem me doutrinar. Mas vou contra-atacar: Fundarei um grupo terrorista, Cuja arma será a crítica, Sejamos subversivos, “Alienados de todo o mundo uni-vos!” Contra a globestialização, Pensem, pensem, pensem, Ou serão engolidos pela televisão! Lótus

Triste Despedida

Triste Despedida Quando um grande amor parte invade-nos a melancolia, Ficamos na completa solidão por dias, meses, anos, Porque junto com nosso amor Vai embora também nossa alegria! Quando um grande amor parte, Nosso olhar fica preso nas nuvens do passado, Em doces lembranças acorrentado, Não queremos viver o presente, Sem o nosso amor perto da gente, O coração fica doente! Quando um grande amor parte, Ardemos por dentro, Como se nossas entranhas, Estivessem acharcadas de veneno Nos corroendo! Quando um grande amor parte Aquele mundo grande, desconhecido, misterioso, Que antes nos despertava um espírito aventureiro, Fica pequeno, Sem graça, Porque quando um grande amor parte, Parece que o mundo inteiro acaba! Lótus

A Gênese da ideia

A Gênese da ideia Há muito tempo, Numa cabeça ancestral surgiu uma primeira ideia, E logo ela se multiplicou, E as ideias foram pulando de cabeça em cabeça, E se multiplicaram rapidamente, Deixando o homem inteligente. E Um invento levou a outro E a outro, E de repente o mundo foi todo reformulado, E pra virar um bom lar pro homem, Foi mexido, Retorcido, E Furado. Na cabeça ancestral, Figurou a primeira ideia, E a gente até hoje se pergunta, Como foi que isso se deu? Como o mundo tanto se desenvolveu? O que foi primeiro inventado? Foi a meia ou o sapato? A cueca ou a calcinha? A roupa de baixo ou a de cima? Primeiro o balde ou a bacia? O lixo ou o saco? A tristeza ou a alegria? Primeiro o sapato ou a bota? Primeiro o doce de leite ou a paçoca? Bem, para quem não sabia, Uma coisa leva outra, E a outra, E a outra    E a outra... Primeiro o ovo ou a galinha? Lótus

Gênese da pontuação

Gênese da pontuação No começo de tudo só existiam três pontinhos... Depois Deus criou a vírgula, Porém ficou aquele suspense... E os pontinhos ficaram olhando um para o outro... Até que dois pontinhos foram se gostando: Os dois resolveram sair, Um tempo depois acabaram namorando, E foram morar juntos, Um pontinho ficou sozinho, Era o ponto final. Mesmo assim os três tentaram manter a amizade: Às vezes se encontravam numa ou noutra frase. Mas como o ponto final toda vez ficava segurando vela, Resolveu partir para outra, Não vendo mais outra saída, Decidiu namorar a vírgula;   Que não tinha nada a ver com ele, Mas até que era legal. Lótus

Diagnóstico da sociedade atual

Diagnóstico da sociedade atual Procedimento cirúrgico realizado: O cérebro das pessoas foi substituído por um motor, Em troca de um futuro Supostamente “promissor”. Efeitos colaterais apresentados: 1)      Ruas entupidas por veículos de fibra, 2)       Homens que viraram máquinas de trabalhar. 3)       Muita gente acredita que tem o rei na barriga, 4)       Quase ninguém consegue dialogar, A sociedade foi abduzida pelo celular? Na Igreja, uma nova reza se professa: "Oh! Deus onipotente Cure esta gente, O mundo está doente! Que  o povo fique bem, A avenida congestionada é  uma artéria com colesterol, Amém!" Lótus

Filosofia de um bêbado

Filosofia de um bêbado Hoje o dia passou como um instante O relógio já marca quase duas horas da manhã Eu como sempre  não fiz nada de importante! É tarde, ainda bem que amanhã é domingo, Entretanto, a  esta altura  Não sei direito o que sinto. Nesta noite não me embebedei como de costume Estou sóbrio demais, infelizmente Droga de sanidade, Traz os problemas da vida para mente, Prefiro ser bêbado, louco Imprudente! Inerte e sozinho deitado no sofá Sem grandes planos para amanhã Irei almoçar na casa de algum parente Mesmice, cotidiano, Estou cheio de fazer o mesmo de sempre. Droga de cidadão escroto, Vi só desgraça no noticiário o sábado todo, Antes tivesse ido jogar sinuca no boteco, Que ver injustiças e ter que ficar  quieto, Ou aceito pagar estes impostos absurdos, Eu virarei um sem teto! A história da minha vida não é interessante, Ao menos queria fazer alguma coisa que preste com ela Antes de tudo acabar... Não ter

O meu bairro

O meu bairro Vivo em um bairro pequeno,   de uma cidade grande, Vivo em um bairro esquecido,   E do centro muito distante, Vivo perto de terrenos baldios  E de ruas sem asfalto, Vivo rodeado pela ausência E pelo mato alto.

Embalsamamento de palavras

Embalsamamento de palavras Tomei uma folha baldia  com rabiscos esquecidos Do fundo da gaveta da minha escrivaninha Olhei para ela nada dizia Nada se lia Naquelas linhas vagabundas Não fecundas De áridos versos Melhor pensar em bundas Loiras, mulatas, magras, carnudas Vão me inspirar mais... Mais do que estes pensamentos difusos Do que todas estas palavras que não deram frutos Assim não me servem para nada, Tal como porcas sem parafusos. Infelizmente nem todos os versos crescem e viram poemas De alguns só resta a marca do grafite Sem nada dizerem Como múmias no deserto do sulfite Eternamente a apodrecerem. Lótus

Reflexões sobre o pensamento

Liberdade de pensamento Sobre o mundo estar escrito em caracteres matemáticos, Eu só sei que nada sei, Mas quando penso, logo percebo que existo, E me redescubro como ser vivo, Sujeito histórico pensante e ativo, Que tem vontade de fazer reivindicações. Alguém aí quer gritar nas ruas junto comigo? Sou afeito a história, ao homem evoluído, Ora, se o macaco evoluiu e virou homem, Também haverá o dia do super-homem, Este é o tipo de crença que nutro, Estou aguardando o grande dia, Gosto de revoluções! Trocaria tudo o que sei por metade daquilo que ignoro, É, de fato, a Terra é o centro, e gira em torno de si mesma, Diferente do que pensavam os inquisidores da Igreja, Nem os reis eram realmente seres divinos, Como nós homens um dia fingimos, Depois a Bíblia foi traduzida  E nela Jesus diz que reino dos céus de pertence aos pobres e pequeninos,  E que ningiem deveria fazer mal algum a eles E no mesmo depois veio  a Alcorão  chamando  de hipócrit

O meu querer

O meu querer Não quero muito, Quero um cantinho sossegado, Quero esquecer-me de tudo, Trabalho, problemas, estudo... Quero árvores, pássaros e um lago, E neste meu pequeno mundo, Também quero você ao meu lado, Para completar, Meu mini paraíso simplificado. Lótus

A poesia esquecida

A poesia esquecida Abandonara aquela poesia há uns anos, Suas paredes esverdeadas de lodo apodreciam, Tinha crescido muito mato em volta dela, Havia resto de comida endurecida numa velha panela, Que deixei sobre o fogão, Usado para esquentar a marmita, Durante a última vez em que trabalhei na sua construção. Faltaram-me verbas (verbos) para construir a estrutura, A poesia ficou incompleta, Sem reboco e sem pintura! Um dia resolvi reformar a poesia, Carpi bem e limpei em volta dela, E coloquei a mão na massa, Reboquei a poesia com emoção, Pintei as suas paredes de esperança, Usei pontos e vírgulas, Para firmar a estrutura, E com verbo amor, Gravei a minha assinatura, Bem no telhado da poesia. Lótus
O garoto que inventava poemas Mãe, preciso de uma jarra, Um espelho, um pente, Umas engrenagens, E uma sirene, Porque hoje vou inventar! Ainda não sei o que vai ser, Um disco voador, um avião, Um som, um radar. Mas hoje estou criativo, Sinto que vou inventar! Mãe, também vou precisar de adesivo, Verniz, pincéis, E papéis para planejar, Posso pegar? Mãe, posso usar o seu secador de cabelo? É que quero inventar algo diferente, Um incrível aparelho, Antes que outro alguém o invente! Mãe, você não me acha um garoto inteligente? Meu processo criativo, É ao contrário, É invertido, Controvertido, Desconhecido por mim mesmo, Primeiro faço, Depois penso O que é! Junto tudo e vou fazendo, É assim que surge o meu invento, É como o vento, Não sabe para onde vai e nem de onde vem, Mas se sente no rosto, Inventar é muito gostoso! Eu sinto que vou fazer algo incrível hoje mãe, Aí começo, escrevo o projeto, Mas sai t