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Mostrando postagens de abril, 2018
Esta cidadezinha, É uma gaiola, Não tem mulher, Só tem boiola, Não tem whisk, Só Coca-Cola. Currutela, Onde vim parar, Vou gritar: - Quero voltar,  quero voltar! O céu ainda azul, Cinco horas da tarde, Vai tomar no cúúú, Não tem ninguém na rua, Minha esposa pode ficar nua, E até correr pelada, Porque nessa currutela, Não tem nadaaa! Tem um banco Uma lotérica Uma escola Uma pizzaria Um açougue Mas só tem carne até as três da tarde, Tem um ET que abduz o povo com sua nave? Tem toque de recolher nessa porra? "Aguém me salve! Alguém me salve! Antes que eu morra! Antes que eu morra!
Gênese da pontuação Parte I No começo de tudo só existiam três pontinhos... Depois Deus criou a vírgula, Porém ficou aquele suspense... E os pontinhos ficaram olhando um para o outro... Até que dois pontinhos foram se gostando: Os dois resolveram sair, Um tempo depois acabaram namorando, E foram morar juntos,  Um pontinho ficou sozinho, Era o ponto final. Mesmo assim os três tentaram manter a amizade: Às vezes se encontravam numa ou noutra frase. Mas como o ponto final toda vez ficava segurando vela, Resolveu partir para outra, Não vendo mais outra saída, Decidiu namorar a vírgula;   Que não tinha nada a ver com ele, Mas até que era legal. Gênese da pontuação - parte II O ponto de interrogação É um ponto de exclamação velho Por isso é corcunda, Questionador, Adora fazer pergunta, Reparou no parentesco genético? Ambos nao têm bunda! O ponto de exclamação é filho Do ponto e da vírgula É que ele é extranho Por que é o mais alto da família, Como gost
Timidez O seu olhar me assiste, Na hora do intervalo, Uma fronteira, um limite, Não sei o que te falo. Você do outro lado muro, Perto da porta da sua sala, É só olhar para mim, Que perdo a minha fala. Que vontade que tenho De ver seus olhos mais de perto, Sua boca mais de perto, Fico com olho bem aberto, Encostado na parede marrom, Para ver se daqui exergo, Qual é a cor do seu batom. Nossos olhares se entendem, Mas minha boca não se abre, Se penso em falar o que sinto, Tenho medo de que eu trave. "Ah tiozão! Para de drama, Manda logo um Oi no whatsApp, E fala que  quer ficar com ela" É  fácil hoje né galera? A vida de um tímido não é aquela dureza mais, do tempo dos seus pais, Agradeçam aos inventores Das tais redes sociais!

Cegueira social

Cegueira Social Todo mundo, Fingia que nem via,   O mendigo que sofria, Na rua em agonia. Ele estava fedido, Não tinha nome, Somente apelido. Não tinha família. E sequer um amigo. O inverno o congelava, A chuva o encharcava, O Sol o abraçava, A fome o matava. Uma manhã, Na calçada onde morava, O corpo sem nome, Apareceu sem vida, Sem frio, sem sonhos, sem fome. Em volta da calçada A multidão aglomerada, Quando já não tinha o que fazer, Disputava para dar uma olhada, Naquele que antes ninguém queria ver. Lótus

Crônica

O homem da casa "Comprou a corda do varal?" "Sim amor" - respondo. "João já são quase oito da noite, já vai começar a novela, amanhã tenho que lavar roupa cedo, coloca logo este varal, pelo amor de Deus!" "Já falei que vou pôr mulher, tenha calma." "Você está pondo desde a semana passada."          Procuro a extensão, pego a furadeira e uma cadeira na cozinha e vou  para a varanda com a cordinha de varal na mão.  "Maria, vem aqui me mostrar a altura que você acha bom."          Minha esposa levanta a mão para ver até onde ela alcança, e diz: "Aqui está bom, mas estica bem a cordinha"!          Subo na cadeira, começo a perfurar a parede com a furadeira, para botar um parafuso e então amarrar o varal.  "Muié, está difícil de furar este negócio, não está querendo ir..." "Você não está usando a broca errada João?" "Não, não. Ah, agora está indo..."           Pluff

Na cachoeira

Tentei ser outro Na cachoeira Tentei ser a rocha Parada Esculpida Pela força d'água Quis ser entalhado pela natureza Maior que a da pedra Foi minha dureza Na cachoeira Tentei ser o peixe do lago Não consegui respirar embaixo d'água Quase morri afogado Tentei ser a simples grama Deixei de exageros Nos meus póros inférteis Só nasceram pêlos Voltei a viver com os homens-caramujos Que se arrastam no lodo urbano Invejando em segredo até mesmo A beleza simplificada dos musgos. Lótus
Para Lorena A melhor parte sempre fica no meio Entre a entrada e a saída da escola Tem o recreio No meio do biscoito de chocolate Fica o recheio Entre eu e você O nosso bebê Que é a melhor parte de nós!