Sozinho à noite sinto-me fraco,
Pequeno e suscetível,
Escuto meu coração,
Ouço minha respiração,
O silêncio muda a dimensão,
Que tenho do meu próprio eu.

Lembro-me que fulano morreu,
Ele estava aqui ontem,
E ainda está sorrindo na foto,
Ora, somos tão frágeis,
Facilmente quebráveis.

Quando se está rodeado de amigos
de poder, de preocupação,
Preenchidos de distração,
Algo que é externo a nós
nos deixa  ocupado,
A gente até esquece que vai virar pó
E que um dia vai ser enterrado!

Tudo pode acabar a qualquer momento,
A solidão é um balde de água fria na cara,
Ela nos diz: “acorda cabra, você não é nada!”

Você não é ninguém quando está sozinho,
Precisa dos outros para poder se diferenciar,
Para poder lhe fazer companhia,
Para sorrir, para conversar e até para brigar,
Para fazer estas coisas externas,
Que dão a sensação às pessoas de serem eternas!

Mas quando se está só, você fica aflito,
Escuta  acelerar seu batimento cardíaco,
 Sente o sangue pulsar nas suas veias,
Volta a dor nas costas que até já tinha esquecido!
Você fica esquisito,
Parece mais fraco,
Parece mais magro,
Parece mais feio,
E se lembra  que aqui
 É só um passageiro!
Agora sozinho você nem tem cheiro,
Nem fede,
Porque não tem ninguém pra sentir,
Você já se acostumou com seu odor,
Mas não se acostumou com a solidão,
Não se acostumou com a dor dor,
Porque demora um tempão...


Às vezes a gente nunca acostuma,
Porque fica claro que somos  uma,
Uma ,
Uma pessoa,
Só uma pessoinha,
Tão pequena,
Em mundo enorme,
Tão sozinha!
Que às vezes não dorme,
Com medo de que um dia o coração,
Que você escuta palpitar aceleradamente,
Possa parar,
Parar aqui,
Assim de repente!
 
Você aqui sozinho,
Agora se sente medroso como um menino,
Como um garoto que está só no quarto escuro,
E que só dorme depois de averiguar
Se o monstro não está embaixo da cama!
 Você olha uma, duas, três vezes na gaveta,
 Para saber se tomou o seu remédio tarja preta,
 Não tem mais ninguém para lembrar...

Você é um homem solitário de meia idade,
Com  a saúde fragilizada,
Sente-se como se estivesse em alto Mar
Tentando sobreviver em uma jangada!
  
Você colocou o alarme?
Olha duas, três vezes,
O tempo é seu monstro debaixo da cama,
Já está tão tarde,
Você olha o relógio novamente,
Já fez isso cinquenta e duas vezes,
E  ainda está lá relutante,
De olhos abertos,
Com medo de partir a qualquer instante,
Não quer dormir sozinho,
Com medo de não acordar nunca mais...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cegueira social

Deguste um poema